O trabalho infantil é uma questão complexa que afeta milhões de crianças em todo o mundo, representando uma violação grave dos direitos humanos. No contexto específico das praias do subúrbio de Salvador, esse fenômeno tem sido objeto de estudo, revelando a reprodução de práticas exploratórias que impactam negativamente a vida de crianças e adolescentes. O presente trabalho tem como objetivo explorar e refletir sobre as práticas do trabalho infantil desempenhadas por crianças e adolescentes em duas praias de Salvador. A pesquisa buscou analisar como as interações sociais, as relações de poder e as narrativas influenciam a perpetuação do trabalho infantil em determinados contextos, com foco específico nas praias do subúrbio de Salvador, Brasil.

Com base em observações sistemáticas e análise qualitativa, buscamos compreender as dinâmicas, identificar os fatores socioeconômicos envolvidos e examinar as políticas públicas necessárias para desconstruir essa realidade preocupante. Ao destacar a importância da construção social do trabalho infantil e seu impacto nas vidas das crianças e adolescentes, pretendemos promover uma reflexão crítica que possa gerar insights para o desenvolvimento de estratégias efetivas de combate a essa forma de exploração.

As informações levantadas em contato com o campo-tema apontam que as crianças e adolescentes que realizavam algum trabalho nessas praias são pretas e pardas, destacando uma correlação entre raça e exploração do trabalho infantil. As regras de sociabilidade produzidas em uma sociedade que reproduz o racismo e discursos legitimadores de exploração do trabalho infantil contribuem para a naturalização dessa prática.

A pesquisa destaca a importância do engajamento social, da fiscalização e do desenvolvimento de políticas públicas efetivas no combate ao trabalho infantil. Para isso, é necessário que as práticas de exploração sejam estranhadas pela população, para que mais denúncias sejam feitas e as fiscalizações possam atuar de maneira cada vez mais efetiva. A naturalização do trabalho infantil é resultado da concepção positiva arraigada na sociedade, o que dificulta sua identificação.

Para o enfrentamento do trabalho infantil, é fundamental um sistema de saúde e educação de qualidade, além de programas que permitam a dignidade humana às crianças, adolescentes e suas famílias. A pesquisa reconhece suas limitações, uma vez que se baseou em observações no cotidiano, buscando assim chamar a atenção da comunidade científica para a realização de novos estudos, principalmente ouvindo as vozes invisibilizadas nos contextos de vulnerabilidades.

Ao adotar uma perspectiva construcionista, buscamos contribuir para uma compreensão mais ampla e crítica do trabalho infantil, e que estimulem a reflexão e a sensibilização da sociedade, das autoridades e dos formuladores de políticas públicas, visando a implementação de ações transformadoras e o respeito aos direitos fundamentais de crianças e adolescentes.